A Dra. Bia Labate (Beatriz Caiuby Labate) é antropóloga, educadora, autora, palestrante e ativista, comprometida com a proteção de plantas sagradas e com a ampliação das vozes de comunidades marginalizadas no campo da ciência psicodélica. Como antropóloga brasileira queer radicada em São Francisco, ela tem sido profundamente influenciada por suas experiências com a ayahuasca desde 1996. A Dra. Labate é Ph.D. em antropologia social pela Universidade de Campinas (UNICAMP), no Brasil. Seu trabalho se concentra em medicamentos à base de plantas, política de drogas, xamanismo, ritual, religião e justiça social. Ela é diretora executiva do Instituto Chacruna de Plantas Psicodélicas Medicinais e atua como especialista em educação pública e cultura na Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (MAPS). Além disso, ela é Visitante do Centro de Estudos Superiores em Teologia em Berkeley. Além disto, é Consultora da Coalizão de Líderes Veteranos pela Saúde Mental. A Dra. Labate também é co-fundadora do Grupo Interdisciplinar de Estudos Psicoativos (NEIP) no Brasil e editora de seu site. Ela é autora, coautora e coeditora de 28 livros, três periódicos de edição especial e várias publicações revisadas por pares e on-line (http://www.bialabate.net).
La Dra. Bia Labate (Beatriz Caiuby Labate) es antropóloga, educadora, autora, conferenciante y activista, comprometida con la protección de las plantas sagradas, al tiempo que amplifica las voces de las comunidades marginadas en el campo de la ciencia psicodélica. Como antropóloga queer brasileña afincada en San Francisco, se ha visto profundamente influenciada por sus experiencias con la ayahuasca desde 1996. La Dra. Labate es doctora en antropología social por la Universidad de Campinas (UNICAMP) en Brasil. Su trabajo se centra en las plantas medicinales, la política de drogas, el chamanismo, los rituales, la religión y la justicia social. Es la Directora Ejecutiva del Instituto Chacruna de Plantas Psicodélicas Medicinales y trabaja como Especialista en Educación Pública y Cultura en la Asociación Multidisciplinar de Estudios Psicodélicos (MAPS). Además, es profesora visitante en la Unión Teológica de Posgrado de Berkeley y asesora de la Coalición de Veteranos Líderes en Salud Mental. La Dra. Labate es también cofundadora del Grupo Interdisciplinario de Estudios Psicoactivos (NEIP) en Brasil y editora de su página web. Es autora, coautora y coeditora de 28 libros, tres revistas de edición especial y numerosas publicaciones revisadas por pares y en línea (http://www.bialabate.net).
Henrique Antunes
El Dr. Henrique Fernandes Antunes es doctor en antropología por la Universidad de São Paulo (2019), con una pasantía de investigación como investigador visitante en la Universidad de California, Berkeley. Fue becario postdoctoral en el Centre d'Étude des Mouvements Sociaux (CEMS) de la École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Es máster en Antropología por la Universidad de São Paulo (2012) y licenciado en Ciencias Sociales (2006) y Antropología (2008) por la Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-FFC). Es miembro del grupo de investigación Religión en el Mundo Contemporáneo y becario postdoctoral en el Programa Postdoctoral Internacional del Centro Brasileño de Análisis y Planificación (CEBRAP). También es investigador del Grupo Interdisciplinario de Estudios Psicoactivos (NEIP). El Dr. Antunes está especializado en antropología urbana, antropología de la religión, antropología del secularismo y sociología de los problemas públicos. Es Coordinador del Comité Comunitario de Ayahuasca en el Instituto Chacruna.
O Dr. Henrique Fernandes Antunes é doutor em antropologia pela Universidade de São Paulo (2019), com estágio de pesquisa como pesquisador visitante na Universidade da Califórnia, Berkeley. Foi bolsista de pós-doutorado no Centre d'Étude des Mouvements Sociaux (CEMS) da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Possui mestrado em Antropologia pela Universidade de São Paulo (2012) e graduação em Ciências Sociais (2006) e Antropologia (2008) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-FFC). É membro do grupo de pesquisa Religião no Mundo Contemporâneo e pós-doutorando no Programa Internacional de Pós-Doutorado do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). É também pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Psicoativos (NEIP). Dr. Antunes é especialista em antropologia urbana, antropologia da religião, antropologia do secularismo e sociologia dos problemas públicos. É coordenador do Comitê Comunitário de Ayahuasca do Instituto Chacruna.
El Dr. Glauber Loures de Assis es Doctor en Sociología por la Universidad Federal de Minas Gerais (UFMG) e Investigador Asociado del Grupo Interdisciplinario de Estudios Psicoactivos (NEIP) en Brasil. Sus principales intereses incluyen las religiones ayahuasqueras, los nuevos movimientos religiosos, la internacionalización de las religiones brasileñas, el uso de drogas en la sociedad contemporánea y la paternidad psicodélica. Es autor de numerosos artículos y capítulos de libros, y coeditor del libro Women and Psychedelics: Uncovering Invisible Voices (Synergetic Press/Chacruna Institute, en prensa). Glauber es también un practicante de ayahuasca con 15 años de experiencia. Ha construido esta práctica en diálogo con su comunidad local de ayahuasca brasileña y con la bendición de ancianos y activistas indígenas de Brasil. También es el líder de Jornadas de Kura, un centro de medicina vegetal en Brasil. Es padre de 3 hijos y vive con su esposa Jacqueline Rodrigues en Santa Luzia, Minas Gerais, Brasil.
Clancy Cavnar es doctora en psicología clínica (Psy.D.) por la Universidad John F. Kennedy de Pleasant Hill, California. Actualmente trabaja en la práctica privada en San Francisco, y es cofundadora y miembro de la Junta Directiva del Instituto Chacruna de Plantas Psicodélicas Medicinales. También es investigadora asociada del Grupo Interdisciplinario de Estudios Psicoactivos (NEIP). Combina un ecléctico abanico de intereses y actividades como psicóloga clínica, artista e investigadora. Tiene un máster en Bellas Artes en pintura por el Instituto de Arte de San Francisco, un máster en asesoramiento por la Universidad Estatal de San Francisco y completó el programa de Certificado en Terapia Asistida por Psicodélicos del Instituto de Estudios Integrales de California (CIIS). Es autora y coautora de artículos en varias revistas especializadas y coeditora, con Beatriz Caiuby Labate, de once libros. Para más información, véase: http://www.drclancycavnar.com.
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Clancy Cavnar tem doutorado em psicologia clínica (Psy.D.) pela John F. Kennedy University em Pleasant Hill, Califórnia. Atualmente, trabalha em consultório particular em São Francisco e é cofundadora e membro da diretoria do Chacruna Institute for Psychedelic Plant Medicines. Ela também é pesquisadora associada do Grupo Interdisciplinar de Estudos Psicoativos (NEIP). Ela combina uma gama eclética de interesses e atividades como psicóloga clínica, artista e pesquisadora. Tem mestrado em pintura pelo San Francisco Art Institute, mestrado em aconselhamento pela San Francisco State University e concluiu o programa Certificate in Psychedelic Assisted Therapy no California Institute of Integral Studies (CIIS). Ela é autora e coautora de artigos em várias revistas e coeditora, com Beatriz Caiuby Labate, de onze livros. Para obter mais informações, acesse: http://www.drclancycavnar.com.
É inegável que estamos vivendo uma renascença psicodélica marcada por um interesse crescente no uso de plantas psicoativas, não apenas em contextos indígenas, religiosos ou neoxamânicos, mas também em relação aos seus usos terapêuticos (Labate e Cavnar, 2021a). Este renascimento está associado, entre outros fatores, à diáspora mundial da ayahuasca (Labate e Jungaberle, 2011; Labate et al., 2017; Labate e Cavnar, 2018), à expansão global das religiões ayahuasqueiras, e à inserção de grupos indígenas nos circuitos urbanos da ayahuasca na América do Sul e além. No entanto, vemos, ao mesmo tempo, um retrocesso crescente.
Sinais desse retrocesso podem ser vistos nas repercussões do caso de um YouTuber que se infiltrou em um grupo do Santo Daime na Espanha durante nove meses. Durante este período, ele usou uma câmera escondida para filmar cerimônias privadas sem autorização. Este YouTuber editou estas gravações e publicou um vídeo de teor fortemente sensacionalista e claramente autopromocional que conseguiu quase 600.000 visualizações. Ele também apresentou uma queixa por tentativa de sequestro após ser descoberto por um dos membros do grupo. Desde então, ele foi convidado para vários programas de TV, em que acusou o Santo Daime de ser uma seita perigosa que faz lavagem cerebral nas pessoas e fornece uma série de drogas ilícitas sem nenhuma precaução de saúde ou segurança. Além da repercussão do caso, a percepção pública da ayahuasca piorou progressivamente após ações policiais que culminaram na prisão de membros de dois grupos neoxamânicos.
Estas circunstâncias reacenderam o debate sobre o uso da bebida no país, liderado pela cobertura sensacionalista da mídia, que frequentemente ignora os dados científicos prontamente disponíveis. As alegações são as mesmas: os grupos ayahuasqueiros seriam seitas que usam drogas perigosas para manipular seus adeptos (ou “alvos”), comumente descritos como pessoas frágeis e ingênuas, para obter ganhos financeiros. O surgimento da ayahuasca como uma questão de saúde e segurança publicas, entretanto, não se limita ao caso da Espanha. Em março de 2022, o Ministério da Saúde italiano emitiu um decreto proibindo a ayahuasca e suas plantas componentes, bem como seus princípios ativos (Berazaluce, 2022a, 2022b, 2022c). A decisão do governo italiano pegou os membros do Santo Daime no país de surpresa, obrigando-os a realizar suas cerimônias bebendo água ao invés de ayahuasca como forma de protesto, como fez a União do Vegetal nos Estados Unidos durante seu processo judicial.
A Itália seguiu uma abordagem semelhante ao caso da França. Em 2005 – apenas três meses após a absolvição de um grupo de Santo Daime de Paris que era acusado de consumir e traficar substâncias ilícitas – o governo francês, através do Ministério da Saúde, proibiu a ayahuasca e as plantas utilizadas em sua fabricação. Em 2019, o líder do mesmo grupo absolvido em 2005 foi preso novamente. Ele foi libertado sob fiança após ser detido por quatro dias. Atualmente, ele aguarda seu julgamento e pode ser condenado a vários anos de prisão. No caso francês, a proibição da ayahuasca contou com a contribuição da Comissão Interministerial de Acompanhamento e Combate a Desvios Sectários (MIVILUDES), cujo representante fez uma apresentação sobre a ayahuasca durante a reunião da Comissão de Narcóticos que estabeleceu a proibição da ayahuasca na França (Bourgone, 2012; Novaes e Moro, no prelo). Esta parceria única mostra que a ayahuasca é percebida e retratada pelas autoridades francesas não apenas como um risco à saúde, mas como um perigoso movimento social com tendências sectárias. Eles suspeitam não apenas da ayahuasca, mas das práticas dos próprios grupos ayahuasqueiros, sem apresentar nenhuma prova substancial para apoiar suas alegações. Não podemos deixar de mencionar a proibição da ayahuasca pela corte holandesa em 2018, após quase duas décadas da decisão que permitiu o uso religioso da ayahuasca por uma igreja do Santo Daime no país (ICEERS, 2018).
Em meio a este cenário de prisões, julgamentos, reportagens sensacionalistas e de disseminação de medo, desconfiança e desinformação, é necessário abordar o assunto de forma judiciosa, deixando de lado preconcepções e preconceitos. É crucial em um momento como este analisar o conhecimento acumulado sobre o tema do uso religioso da ayahuasca (Labate et al., 2008), bem como compreender os casos em que a regulamentação da bebida ocorreu com sucesso, criando modelos de políticas públicas que podem ser estudados e adotados em outros contextos socioculturais.
Apesar do crescente interesse pela ayahuasca nas últimas décadas, seu uso ritual é centenário. Os primeiros registros históricos da ayahuasca na região amazônica datam do final do século XVII (Antunes, 2011). Historicamente, o uso ameríndio da ayahuasca, presente no Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Equador, possui diversas configurações. Os relatos descrevem que a bebida era usada para facilitar a comunicação com os reinos espirituais e para explorar as relações com a fauna e a flora. Os pagés frequentemente a bebiam para diagnosticar e curar doenças. Também era usada para fins divinatórios. No entando, a ayahuasca era vital não apenas nas práticas xamânicas, mas ocupava uma parte significativa da vida sociocultural de várias etnias indígenas da Amazônia (Luna, 1986).
O uso da ayahuasca não somente foi historicamente importante para as populações indígenas da floresta amazônica, ele ainda tem um papel central nos processos identitários e territoriais, e no desenvolvimento de movimentos sociais organizados para preservar a floresta e suas tradições.
O uso da ayahuasca não somente foi historicamente importante para as populações indígenas da floresta amazônica, ele ainda tem um papel central nos processos identitários e territoriais, e no desenvolvimento de movimentos sociais organizados para preservar a floresta e suas tradições. Isto aconteceu não apenas na Colômbia, com a criação de uma associação indígena focalizada no uso da ayahuasca, mas também no Brasil, onde vários grupos étnicos indígenas estabeleceram uma aliança política para fortalecer suas pautas em relação ao uso indígena da ayahuasca. Desde 2017, esses povos organizaram várias conferências indígenas sobre o tema (Os representantes dos Povos Indígenas do Vale do Juruá, 2017, 2018, 2019, 2022).
Em países como Colômbia e Peru, além do uso indígena da ayahuasca, existe também uma forma de medicina popular (folk medicine)baseada no uso plantas psicoativas, cânticos e dietas. Estes curandeiros são chamados vegetalistas (Dobkin de Rios, 1972; Luna, 1986). Sua presença é comum principalmente entre populações rurais e suas práticas partem de elementos do conhecimento indígena sobre plantas, absorvendo algumas influências do esoterismo e dos ambientes urbanos. Particularmente, no Brasil, houve também desenvolvimento singular de grupos religiosos centrados em populações não indígenas que consumiam ayahuasca, conhecidos como Santo Daime, Barquinha e União do Vegetal. Esses grupos religiosos, fundados entre as décadas de 1930 e 1960, reinterpretaram as tradições locais com forte influência do cristianismo, incorporando elementos do xamanismo amazônico, do catolicismo popular, das tradições afro-brasileiras e do espiritismo kardecista, entre outras tradições (Labate, 2004). Estes grupos se expandiram durante todo o início dos anos 80 para algumas das principais cidades do Brasil. No início dos anos 90, estes mesmos grupos se expandiram para a Europa e América do Norte, principalmente devido à influência de estrangeiros que descobriram ayahuasca no Brasil e quiseram estabelecer núcleos em seus países de origem.
Além das religiões ayahuasqueiras, a antropologia tem observado nas últimas décadas o surgimento de novas modalidades de consumo da ayahuasca nos centros urbanos (Labate, 2004). Entre as novas práticas, há o uso da ayahuasca em sessões de meditação, no tratamento de dependentes químicos, em sessões de psicoterapia, para inspiração artística e em terapias de grupo. Também é possível apontar o encontro da ayahuasca com as religiões afro-brasileiras e o neoxamanismo. Nesse sentido, a reinvenção do uso da ayahuasca e o surgimento de grupos de neoayahuasqueiros é parte do processo social e cultural que se desenvolveu durante a expansão dos usos tradicionais da ayahuasca. Estas práticas ganharam força, sobretudo, nas grandes cidades da América do Sul, onde as tradições amazônicas encontraram práticas urbanas locais em um processo que levou a alianças, trocas e novas formas de uso.
Embora o uso da ayahuasca por não indígenas seja um fenômeno relativamente novo, seu desenvolvimento está associado ao surgimento de um certo tipo de religiosidade característica dos centros urbanos, criando novas redes, tais como as redes neo-esotéricas e terapêuticas, que ganharam autonomia própria dentro do universo da Nova Era. Por outro lado, muitos desses grupos apresentam uma filiação ou algum tipo de conexão com as religiões ayahuasqueiras, ou com populações indígenas, formando um elo entre as redes urbanas e os usos por parte de populações tradicionais da Amazônia.
No Brasil, o Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN) apresentou um relatório que não encontrou evidências de que o uso religioso da ayahuasca representasse riscos à saúde ou danos sociais (CONFEN, 1987). Nas décadas seguintes, as políticas públicas sobre a ayahuasca avançaram progressivamente para o reconhecimento do uso religioso da ayahuasca como um fenômeno religioso e cultural protegido pela Constituição Brasileira (Antunes, 2019; MacRae, 2008). Em uma decisão histórica envolvendo estudiosos, cientistas, juristas, autoridades públicas e representantes das religiões ayahuasqueiras, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) reconheceu a liberdade religiosa do uso da ayahuasca no Brasil (CONAD, 2006, 2010). Nos anos 2000, o início de um processo de reconhecimento do uso religioso da ayahuasca como patrimônio imaterial da cultura brasileira, estabelecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), marcou uma importante mudança. A ayahuasca deixou de ser objeto de políticas de drogas, inserindo-se nas políticas afirmativas, fato que atestou o reconhecimento do valor histórico e cultural do uso religioso da ayahuasca pelo governo brasileiro (Labate, 2010; Labate e Assis, 2019, Antunes, 2019).
Devemos também destacar o caso do Peru, que reconheceu o uso da ayahuasca como patrimônio cultural nacional. A salvaguarda do patrimônio no caso peruano visa proteger os usos tradicionais e indígenas da ayahuasca no país. Na Colômbia, embora não haja regulamentação formal, várias tentativas de autorregulação foram feitas pelos povos indígenas, bem como decisões administrativas legitimando o uso do yagé (ayahuasca). A medicina tradicional indígena e o uso indígena do yagé tornaram-se parte das diretrizes da política de patrimônio cultural do país em 2009 (Labate e Assis, 2018). Houve também a criação da União de Médicos Indígenas do Yagé da Amazônia Colombiana (UMIYAC). A União desenvolveu o Código de Ética para a Prática da Medicina Indígena na Amazônia Colombiana (UMIYAC, 2000), estabelecendo uma série de diretrizes para evitar a mercantilização do yagé (Caicedo-Fernández, no prelo). Anos mais tarde, a UMIYAC publicou a Declaração das Autoridades Espirituais, Representantes e Organizações Indígenas da Região Amazônica (UMIYAC, 2019). Essas medidas de autorregulação não foram casos isolados. Pelo contrário, foram precedidas pela Carta de Princípios das Entidades Religiosas Usuárias da Ayahuasca, produzida pelas religiões ayahuasqueiras brasileiras em diálogo com as autoridades brasileiras no início dos anos 1991 (NEIP, 2015). Na Espanha, o primeiro grupo de ativistas criado em torno da defesa do uso da ayahuasca produziu uma iniciativa semelhante (Plantaforma para la Defensa de la Ayahuasca, 2009). Estes casos demonstram não apenas o valor cultural e histórico do uso da ayahuasca, mas também demonstram que ela tem um papel central para vários grupos indígenas e religiosos, não apenas social e culturalmente, mas também como uma forma contemporânea de expressão política.
Além das importantes contribuições dos grupos indígenas e das religiões ayahuasqueiras para fazer avançar a agenda política para a regulamentação da ayahuasca, ONGs, institutos de pesquisa e vários estudiosos também promoveram o uso responsável da ayahuasca e exigiram seu reconhecimento legal.
Além das importantes contribuições dos grupos indígenas e das religiões ayahuasqueiras para fazer avançar a agenda política para a regulamentação da ayahuasca, ONGs, institutos de pesquisa e vários estudiosos também promoveram o uso responsável da ayahuasca e exigiram seu reconhecimento legal. A esse respeito, deve-se destacar a Declaração sobre a Ayahuasca (Anderson et al., 2012), o Manual de Recomendações para o uso da Ayahuasca (Gabriell, 2021), o Guia de Boas Práticas da Ayahuasca (ICEERS, 2014), e o Relatório Técnico da Ayahuasca 2021 (ICEERS, 2021). O Instituto Chacruna também desempenhou um papel importante, não somente através do desenvolvimento do Conselho para a Proteção de Plantas Sagradas, mas também pela publicação de importantes diretrizes para grupos ayahuasqueiros, tais como 7 Boas Práticas para Redução de Danos Legais da Ayahuasca, e o Guia do RFRA e Boas Práticas para Igrejas de Plantas Psicodélicas. Essas iniciativas são parte de um esforço coletivo para difundir a conscientização sobre o uso responsável da ayahuasca e para criar possíveis canais de diálogo entre governos, a academia e os grupos ayahuasqueiros.
Além destes exemplos inovadores, existem outros casos importantes relativos à regulamentação do uso religioso da ayahuasca fora da América do Sul. Nos Estados Unidos, a União do Vegetal e uma filial do Santo Daime ganharam o direito de usar a ayahuasca em um contexto religioso. A Suprema Corte estabeleceu uma decisão em 2006 atestando que o governo federal não encontrou nenhuma evidência de que o uso religioso da ayahuasca representava riscos à saúde ou segurança para seus usuários ou para o país. A Suprema Corte, portanto, concedeu à União do Vegetal o direito de importar e consumir a ayahuasca no país. Dois anos depois, um grupo do Santo Daime no estado do Oregon teve uma vitória semelhante. Até o momento, não surgiram questões legais no país em relação à União do Vegetal nem ao grupo daimista. Algum tempo depois, a Agência de Combate às Drogas americana (DEA) estabeleceu a possibilidade de grupos solicitarem uma isenção legal para o uso religioso da ayahuasca no país. O Canadá também concedeu cinco isenções semelhantes que permitem aos grupos praticar sua religião sem restrições legais (Rochester, 2017). As duas primeiras isenções foram concedidas em 2017 pela Agência de Saúde do Canadá (Health Canada) ao Santo Daime e à União do Vegetal. Até agora, a maioria das isenções foi concedida às religiões ayahuasqueiras brasileiras. Ironicamente, os mesmos grupos que agora são tratados como seitas perigosas em alguns países europeus.
Esses casos destacam que a ayahuasca pode ser regulada com sucesso, não apenas em países onde seu uso faz parte das práticas religiosas e culturais das populações tradicionais, mas também em contextos sociais, culturais e econômicos muito diferentes. Os casos na América do Sul, e as isenções concedidas nos Estados Unidos e Canadá, são prova de que é possível fazer concessões e que há maneiras possíveis de regular o uso da ayahuasca, não apenas protegendo os direitos das religiões ayahuasqueiras e populações tradicionais, mas também criando códigos de ética e diretrizes para seu uso responsável. Não devemos deixar de notar que o Conselho Internacional de Controle de Narcóticos (INCB) das Nações Unidas declarou que a ayahuasca não está sujeita ao controle internacional, uma discussão que não entraremos aqui (ver Tupper e Labate, 2012).
Também é importante ressaltar que a União do Vegetal contribuiu diretamente para a primeira pesquisa biomédica sobre o uso da ayahuasca, o Projeto Hoasca, em 1993. O projeto comparou a saúde física e psicológica de vários membros da União do Vegetal com dez anos ou mais de uso da ayahuasca e um grupo de controle que nunca havia tomado ayahuasca. Após vários testes, os pesquisadores concluíram que não havia evidências de que o uso da ayahuasca em um contexto religioso representasse qualquer risco à saúde. Este projeto pioneiro serviu de inspiração para uma série de projetos de pesquisa com foco em seu potencial terapêutico (Labate e Cavnar, 2014, 2021b). Algumas pesquisas recentes mostraram, inclusive, que a ayahuasca poderia ser útil para tratar certos transtornos resistentes ao tratamento, tais como depressão, dependência química, estresse pós-traumático e ansiedade (Dos Santos, 2013; Palhano-Fontes, 2019).
Esses exemplos de processos de regulamentação bem sucedidos, os dados científicos sobre sua segurança e potenciais terapêuticos, e os achados da literatura acadêmica sobre o uso da ayahuasca apontam para o fato de que, se realizado em um ambiente controlado com a orientação de pessoas experientes, é uma prática benigna que não representa riscos à saúde e segurança públicas. À luz dos eventos recentes e da estigmatização contínua da ayahuasca, esperamos que este artigo possa servir como um chamado para os grupos ayahuasqueiros, a academia, agências internacionais e governos para o diálogo e para a mudança.
Não podemos simplesmente aceitar o fato de que ayahuasqueiros estejam sendo tratados como criminosos, tendo suas casas e locais de trabalho violentamente invadidos pela polícia com metralhadoras. O reconhecimento e a acomodação das minorias precisam fazer parte da agenda política contemporânea.
Não podemos simplesmente aceitar o fato de que ayahuasqueiros estejam sendo tratados como criminosos, tendo suas casas e locais de trabalho violentamente invadidos pela polícia com metralhadoras. O reconhecimento e a acomodação das minorias precisam fazer parte da agenda política contemporânea. Enquanto ações policiais estão sendo feitas, há demandas por parte desses grupos para um debate com as autoridades públicas para estabelecer diretrizes para a regulamentação do uso da ayahuasca as quais não estão sendo atendidas. A ayahuasca não é uma ameaça à saúde pública e as religiões ayahuasqueiras não são organizações criminosas. Tratar atos de fé legítimos de minorias do Sul Global como tráfico internacional de drogas é uma violação dos direitos humanos, revelando uma completa falta de sensibilidade antropológica e um grave preconceito eurocêntrico contra outras culturas.
O preconceito proibicionista ligado ao estigma associado aos grupos ayahuasqueiros como seitas perigosas presentes na mídia e proclamadas pelas autoridades públicas servem apenas para obscurecer e exotizar minorias religiosas e as populações tradicionais. Vale lembrar que o termo “seita” não é mais utilizado na literatura acadêmica ou por estudiosos da religião (Introvigne, no prelo). Abandonado pelos estudiosos, se tornou um termo acusatório e depreciativo que frequentemente serve como ferramenta para espalhar medo e preconceitos, o qual é usado para restringir o direito à liberdade religiosa. Não é surpresa, portanto, que esta mesma categoria esteja sendo veiculada para classificar grupos ayahuasqueiros e para justificar a repressão ao uso da bebida. Não podemos condescender com isso. Estamos aqui para afirmar a legitimidade de práticas culturais e religiosas há muito reconhecidas e para defender os direitos das populações tradicionais, das instituições religiosas e das minorias sociais. A regulamentação da ayahuasca e o reconhecimento dos grupos ayahuasqueiros não são apenas conquistas desejáveis, mas necessárias.
Arte de Mariom Luna
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We stand in solidarity and urge authorities to respect the religious freedom of ayahuasca drinkers.
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- Robert Heffernan, Council for the Protection of Sacred Plants, Chacruna Institute
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- Igor Fernandes Antunes, MA, University of São Paulo
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- Helle Kaasik, PhD, Ayahuasca Researcher
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- Sara Gael Giron, MA, LPC, MAPS
- Verónica Hernández, PhD, Clinical Psychologist
- Karina Biondi, PhD, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Brazil
- Rae St. Arnault, BA, ND, Psychedelic Development Corp.
- Adele Lafrance, PhD, Emotion Science
- Shirelle Noble, Beckley Academy
- Allison Hoots, JD, Council for the Protection of Sacred Plants, Chacruna Institute
- Mareesa Stertz, Lucid News
- Clara Novaes, PhD, Psychologist
- Elena Argento, PhD, MPH, University of British Columbia
- Genesee Herzberg, PsyD, Sage Integrative Health
- Janis Phelps, PhD, Founder, CIIS Center for Psychedelic Therapies and Research
Além das assinaturas do documento original, acima, as seguintes pessoas também endossaram essa carta de apoio:
- Ben Meeus, MA, Yorenka Tasorentsi Institute
- Jamal Cameron, MA, Access to Doorways
- Óscar Álvarez Bobo, MD, Parc Sanitari Sant Joan de Deu
- Igor Domsac, PhD, Communications, ICEERS
- Monica Silva Gonzalez, PhD, International Development Cooperation
- Genís, MSc, ICEERS
- Maja Kohek, PhD, Medical Anthropology Research Centre (MARC), University of Rovira i Virgili
- Jerónimo Mazarrasas, BSc, ICEERS
- José Carlos Bouso Saiz, PhD, ICEERS
- Òscar Parés, MA, ICEERS Foundation
- Kiko Castellanos, Comms & IT Production Manager at ICEERS
- Constanza Sánchez Avilés, PhD, ICEERS
- Ricard Faura, PhD, ICEERS & Open University of Catalonia
- Sergio Pérez Rosal, MD, OVID
- Benjamin De Loenen, MA, ICEERS
- Sara Lewis, PhD, Naropa University
- Ginger Coy, BA, Threshold Foundation
- Jessica M. Jones, LCSW, Pa’lante Psychotherapy, LLC
- Nick Domitrovic, MSc, The University of Toledo College of Medicine and Life Sciences
- Stephen Eric Sienknecht, PsyD, Polaris Insight Center
- Nick Lu, MD
- Mark Achba, BFA, International Psychedelics Awareness Foundation (Director)
- Ricky Jinks
- Don St John, PhD, UDV
- Jamie Lantz, MA, Body Intelligence
- Maya Hill, self-employed
- Bonnie Cardell, MA, LMFT, Self-Employed
- Osiris Sinuhe Gonzalez Romero, PhD, University of Saskatchewan
- Lorene Stanwick, BA, BEd, MEd
- Paula Berry, MSW
- Rick Garcia, BA, American University
- Katie Holz, MA, Antioch University
- G Lenkut, MSc, Bentley University
- G. William Barnard, PhD, Southern Methodist University
- Gregory Wells, PhD
- Jason Polen, JD, Lewis & Clark College
- Cristina Pacilio, BSc
- Rachael Andrews, BA, University of California, Irvine
- Yvonne Read, BSc, Naropa University
- Maya Armstrong, MD, New Mexico Department of Health
- Natalia López, BA, Stibrawpa
- Pamela Banting, PhD, University of Calgary
- Maudisa Meroe, MSW, LCSW, Meroe Counseling & Wellness, LLC
- Timothy Pickett, BSc, UC Davis
- Peter Brandt, BA, California Institute of Integral Studies
- LissaIvy Tiegel, MA, CIIS
- Anja Cehnar, MA, Faculty of Arts, University of Ljubljana, Slovenia
- Stuart Hurst
- Michael Metzler, PhD, MD, Pioneer Memorial Hospital
- Willow Bowler, MA, MAPS
- Sherry Rais, BA, MSc, Enthea
- Tatjana Hardy, MA, Société psychédélique française
- Sergey Vardanyan, MA, EntheoBliss Foundation
- Duprat
- Björn Goldstein, PhD, Bielefeld University
- Linda Graham, PhD, Clinical Psychologist
- Susanna Gutmann
- Rob Zwinkels
- Tonya Bathe, MSc, NHS
- Aleksander Wronam, BDC
- Anne Katrin Schlag, PhD, Drug Science
- Andrea Olivari, MD, Accounting Manager ICEERS
- Andrea Pennington, MD, Conscious Evolution
- James Johnson, MA
- René Tastet
- Frederico Romanoff, MA, UFSC
- Mike Logghe, BSc, MAPS
- Leigh Ann Roberts, JD, End of Life Doula & Integration Coach, Thresholding, LLC
- Keli & Sizer Yerger, MA, AAMFT
- Allison Lockshier, BA, RN, AEP
- Matthew Brockmeier, JD, Psilodyne
- Jason LeValley, MA, University of Redlands
- John Walker
- Ethan Nadelmann, PhD, JD, Psychoactive Podcast
- Shawn Rubin, PsyD, California Institute of Integral Studies
- Jessica DeWitt, PhD, Network in Canadian History and Environment
- Luís Fernando Tófoli, PhD, MD, Interdisciplinary Cooperation for Ayahuasca Research and Outreach (ICARO) – University of Campinas, Brazil
- Christina Muncy, Seeking Santosha
- Deborah Parrish Snyder, Synergetic Press
- Itacir Jose Rockenbach, BA, Santo Daime Iceflu Brasil
- Cat Chaney, MSc
- Sylvia Pinto, MA, NASW-California
- Sitaramaya Sita, PlantTeachers
- Alberto Ribas-Casasayas, PhD, Associate Professor of Spanish and Latin American Studies, Santa Clara University
- Joanndith
- Niklas Rieke, SSDP
- Alejandro, MA
- Sidarta Ribeiro, PhD, Brain Institute of the Federal University of Rio Grande do Norte
- Fernanda Palhano-Fontes, PhD, Brain Institute, UFRN
- Jonathan Glazer, BA
- Adriana Gonçalves Veras e Silva, BA, ICEFLU
- Helen Loshny, MA, Founder, Psychedelic Development Corp.
- Anya Oleksiuk, MA, Co-director of the Psychedelic Society, UK
- Sam Rames, Kentucky Certified Adult Peer Support Specialist
- Claude Bauchet, Santo Daime France
- Lorien Nemec, BA, Global Psychedelic Society
- Mauricio Genet Guzmán Chávez, PhD, El Colegio de San Luis México
- Paulina Valamiel Lopes, PhD, Universidade Federal de Minas Gerais
- Julio Santiago, MSc, Federal University of Minas Gerais State
- Walquiria Barros Valamiel Lopes, Psicopedagoga, Sim
- Antonio, MA, Universidade Federal de Viçosa
- Karina Sergi, LMFT, MA, Treatment and Research in Psychedelics
- Sabrina Eisenberg, MSc, USF
- Resat, SMC
- Miguel Pichardo, BA, CEFLURGM
- Caitlyn Davis, MA, Antioch University Los Angeles
- Daniel Torockio, MA, California Institute of Integral Studies
- Dawid, BA, McKenna Academy
- Margaret Ross, PsyD, St. Vincents Hospital Melbourne
- Oleksandra Mishkur, MA, Kyiv National Economy University
- Lucas Nunes Faria, MSc, DTU
- Kieve Pinto, BSc, UCL
- Sunil Aggarwal, PhD, MD, AIMS Institute
- Cristina Sánchez, PsyD, ICEERS
- Justin, MA, MAPS Canada
- Chafik Kahla, BA
- Paige Mallory, PharmD, MAH
- Akmal Aiman bin Alias, BA, Intel
- Simone Weit, MSc, Synthesis Institute
- Breanna Starr, BA
- Mickey Starr
- Maria Eduarda Braga Machado, MSc, Faculdade Maurício de Nassau
- Ruanda Marli Felisberto Flor, Cursando Ensino Médio, Dellasul
- Flavia, MSc, Espaço olhos da alma
- Louise Diad, PUC – BR
- Yu Stavale, MSc, Divina Estrela
- Thiago Santos Moreira, Licenciatura de História, Secretaria Municipal da Educação de São Paulo
- Anya Ermakova, PhD, Chacruna Institute
- Tatiane Cristina Gil Bassi, Instituto Atmater
- Ricardo Marcondes, Artist, Aliança São Paulo
- Daniela Massuia, BSc
- Thaisa, BSc, Mackenzie
- Júlia Umbelino Silva, Não Tenho
- Patrícia Arnosti, BA, Ceu da Lua Cheia
- Marcos Vinicius Oliveira Bernardino, BA, Não Tenho
- Renata Magalhães, BSc, Ceu de São Francisco
- Kamila Midori Shinzato de Queiroz, BA, USP
- Kamila Queiroz, BSc, Tenda de Umbanda Rosário da Mata Santa
- Juliana Pedrosa Cortez, MA, Peregrinos de Gaya
- Fabiana Libera, BA, Universidad Católica De San Pablo
- Jorge Lima dos Santos, CEFETMG
- Jamie, MD
- Sherry Younker, RMT
- Florencia Chapuis, PhD, ICEFLU
- Giuliana Metedieri, MA, Santo Daime
- Eduarda Freitas
- Vivian Fischer Sarmento, Ayahuascaes
- Edson Alexandre de Almeida Gomes, JD, Universidade Federal do Acre, Brasil
- Marian Andrade, Céu flores de acácia
- Alins, MSc, ESCS
- Josiane Goularte, BA
- João Vítor Fraga Becker
- Vanessa Bolfoni Schmitt, BSc, FURG
- Josiane Patricio Fraga Becker
- Maria Laura da Silva Melo, BA, Ceflucetri, Uberlândia- MG
- Rodrigo Semim Putini, UFPR
- Alexandre Oviedo Gonçalves, PhD, Universidade estadual de Campinas UNICAMP
- Julian Voss-Andreae, BA, MSc
- Cires Beijamar Herr, BA, Ceu de San Diego, CA
- Nuno Quaresma, MSc
- Lauren, BSc, AID
- Ana Carolina Morita Forastieri da Silva, Bacharel em Economia (Unicamp), Orgânicos Sul de Minas
- Patricia, BA
- Emanuel Balata, Círculo Xamânico Casa do Sol
- Rosana Carvalhal Martins, MA, UNB
- Urias de Oliveira, Círculo Xamânico Casa Do Sol
- Lucia Regina Lobato da Costa, Serviço Social, Circulo Xamã Casa do Sol
- Alexander Lebedev, PhD, MD, Karolinska Institutet
- Luccas Gonçalves, Grupo Zurah
- Gabrielle Moura Santos, BA, Katharsis
- Igor Rodrigues de Abreu, MA, UFMG
- Marcio José de Araujo Costa, PhD, Federal University of Maranhão – Brazil
- Sean Stinson, BA
- Sergio Mafei, BSc, PUCSP
- Renata Figueiredo, MSc, Casa do Sol
- Camila Sampaio, PhD, Universidade Federal do Maranhão
- Talia Gabrielle Santos Azevedo, MA
- Silvana, BSc, MSc, Universidade Estadual do Maranhão
- Raimunda Nonata Mesquita Bezerra, Circulo Xamãnico Casa do Sol e Fraternidade Colibrir
- Aniko Benedek, Columbia School of Social Work
- André Baptista, MA, FCSH
- Dominique Morisano, PhD, University of Toronto
- Tiffany Uno, MA, University of Porto
- Sergio Daniel CaptakAcosta, Santo Daime
- Justin, BSc, Appalachians For Psychedelics
- Cezary Wieczorek, SWPS Uniwersytet Humanistycznospołeczny Wrocław, PL
- Rafael Bonchristiano Reis, BSc, UNESP
- Montserrat Arenas Cortez, BSc, Universidad Nacional Autónoma de México
- Eduardo Salgado Escobar, BA, Universidad Nacional Autónoma de México
- Tomislav Majic, MD, Psychedelic Substances Research Group Berlin
- Rosemeire da Cruz, Santo Daime, Brazil
- Nelson Borges
- María, BA, RDA
- Mariom Luna, Chacruna Institute
- Virginia, Santo Daime
- Tamir Jordi Satorra, Institut de Música Primordial
- Jordi, BA, BSc, MA, Chacruna Institute
- Daniel Martin, MSc, Universidad Uned
- David Sanchez Lopez, MSc
- Armando Márquez
- Luis Ortega Puig, Santo Daime
- Micaela, MSc
- Lorien Chavez, BSc, Chacruna Institute
- Luis Rochel Yanez, Santo Daime
- Eva, BA
- Dana Kittrelle, BA
- Livia
- Alba Franch
- Bet Carreras Cots
- Marc Colomer, BA
- Aleksander Althamer, BA, Akademia muzyczna im. Grażyny i Kiejstuta Bacewiczów, Łódź, Polska
- Christopher Soda, BA, Drug Policy Alliance
- Konstantin Kuteykin-Teplyakov, PhD, NeuroCreate
- Jose Manuel Royo Taberner, MA, Music Therapy
- Jordi Piñero Subirana, MD, Santo Daime
- Ovidiu Brazdau, PhD, Research Director, Consciousness Quotient Institute
- Sameet Kumar, PhD, Memorial Healthcare System
- Clancey Cornell, MSW
- Helen Loshny, MA, Board member of Ketamine Assisted Therapy Association of Canada
- Jasmine Virdi, MA, MSc, The Alef Trust, Liverpool, John Moores University
- Julio, Engineer
- Marcos García Párraga, Licenciado en CCII por la UCM de Madrid
- Ronald W. McNutt, JD, Psychedelic Bar Association Member
- Pep Torné, MA, Mestre Jardiner
- Guichardan Rene, MA, Université Lyon II
- Sarah, MA
- Richard Grossman, BSc, MSc, PhD, OMD, Sacred Plant Alliance
- Anna Boix Lladó, BSc
- Nicolae Gabriel Serban, MA, Boehringer-Ingelheim
- Patricia Jimenez, Chacruna Institute
- Sultan
- Jeffrey Haney, Chacruna Institute
- Greg Shanken, Empathic Health
- Ksenia Cassidy, MA, The New School for Social Research
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Palhano-Fontes, F., Barreto, D., Onias, H., Andrade, K. C., Novaes, M. M., Pessoa, J. A., Mota-Rolim, S. A, Osório, F. L., Sanches, R., Dos Santos, R. G, Tófoli, L. F., de Oliveira Silveira, G., Yonamine, M., Riba, J., Santos, F. R., Silva-Junior, A. A., Alchieri, J. C., Galvão-Coelho, N. L., Lobão-Soares, B. … & Araújo, D. B. (2019). Rapid antidepressant effects of the psychedelic ayahuasca in treatment-resistant depression: A randomized placebo-controlled trial [Efeitos antidepressivos rápidos do efeito psicodélico da ayahuasca no tratamento de depressão crônica: um teste aleatório controlado de placebo]. Psychological Medicine, 49(4), 655–663.
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