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Um apelo contra a demonização atual de grupos ayahuasqueiros na Espanha

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A Dra. Bia Labate (Beatriz Caiuby Labate) é antropóloga, educadora, autora, palestrante e ativista, comprometida com a proteção de plantas sagradas e com a ampliação das vozes de comunidades marginalizadas no campo da ciência psicodélica. Como antropóloga brasileira queer radicada em São Francisco, ela tem sido profundamente influenciada por suas experiências com a ayahuasca desde 1996. A Dra. Labate é Ph.D. em antropologia social pela Universidade de Campinas (UNICAMP), no Brasil. Seu trabalho se concentra em medicamentos à base de plantas, política de drogas, xamanismo, ritual, religião e justiça social. Ela é diretora executiva do Instituto Chacruna de Plantas Psicodélicas Medicinais e atua como especialista em educação pública e cultura na Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos (MAPS). Além disso, ela é Visitante do Centro de Estudos Superiores em Teologia em Berkeley. Além disto, é Consultora da Coalizão de Líderes Veteranos pela Saúde Mental. A Dra. Labate também é co-fundadora do Grupo Interdisciplinar de Estudos Psicoativos (NEIP) no Brasil e editora de seu site. Ela é autora, coautora e coeditora de 28 livros, três periódicos de edição especial e várias publicações revisadas por pares e on-line (http://www.bialabate.net).

La Dra. Bia Labate (Beatriz Caiuby Labate) es antropóloga, educadora, autora, conferenciante y activista, comprometida con la protección de las plantas sagradas, al tiempo que amplifica las voces de las comunidades marginadas en el campo de la ciencia psicodélica. Como antropóloga queer brasileña afincada en San Francisco, se ha visto profundamente influenciada por sus experiencias con la ayahuasca desde 1996. La Dra. Labate es doctora en antropología social por la Universidad de Campinas (UNICAMP) en Brasil. Su trabajo se centra en las plantas medicinales, la política de drogas, el chamanismo, los rituales, la religión y la justicia social. Es la Directora Ejecutiva del Instituto Chacruna de Plantas Psicodélicas Medicinales y trabaja como Especialista en Educación Pública y Cultura en la Asociación Multidisciplinar de Estudios Psicodélicos (MAPS). Además, es profesora visitante en la Unión Teológica de Posgrado de Berkeley y asesora de la Coalición de Veteranos Líderes en Salud Mental. La Dra. Labate es también cofundadora del Grupo Interdisciplinario de Estudios Psicoactivos (NEIP) en Brasil y editora de su página web. Es autora, coautora y coeditora de 28 libros, tres revistas de edición especial y numerosas publicaciones revisadas por pares y en línea (http://www.bialabate.net).

Henrique Antunes
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El Dr. Henrique Fernandes Antunes es doctor en antropología por la Universidad de São Paulo (2019), con una pasantía de investigación como investigador visitante en la Universidad de California, Berkeley. Fue becario postdoctoral en el Centre d'Étude des Mouvements Sociaux (CEMS) de la École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Es máster en Antropología por la Universidad de São Paulo (2012) y licenciado en Ciencias Sociales (2006) y Antropología (2008) por la Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-FFC). Es miembro del grupo de investigación Religión en el Mundo Contemporáneo y becario postdoctoral en el Programa Postdoctoral Internacional del Centro Brasileño de Análisis y Planificación (CEBRAP). También es investigador del Grupo Interdisciplinario de Estudios Psicoactivos (NEIP). El Dr. Antunes está especializado en antropología urbana, antropología de la religión, antropología del secularismo y sociología de los problemas públicos. Es Coordinador del Comité Comunitario de Ayahuasca en el Instituto Chacruna.

O Dr. Henrique Fernandes Antunes é doutor em antropologia pela Universidade de São Paulo (2019), com estágio de pesquisa como pesquisador visitante na Universidade da Califórnia, Berkeley. Foi bolsista de pós-doutorado no Centre d'Étude des Mouvements Sociaux (CEMS) da École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS). Possui mestrado em Antropologia pela Universidade de São Paulo (2012) e graduação em Ciências Sociais (2006) e Antropologia (2008) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP-FFC). É membro do grupo de pesquisa Religião no Mundo Contemporâneo e pós-doutorando no Programa Internacional de Pós-Doutorado do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). É também pesquisador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Psicoativos (NEIP). Dr. Antunes é especialista em antropologia urbana, antropologia da religião, antropologia do secularismo e sociologia dos problemas públicos. É coordenador do Comitê Comunitário de Ayahuasca do Instituto Chacruna.

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El Dr. Glauber Loures de Assis es Doctor en Sociología por la Universidad Federal de Minas Gerais (UFMG) e Investigador Asociado del Grupo Interdisciplinario de Estudios Psicoactivos (NEIP) en Brasil. Sus principales intereses incluyen las religiones ayahuasqueras, los nuevos movimientos religiosos, la internacionalización de las religiones brasileñas, el uso de drogas en la sociedad contemporánea y la paternidad psicodélica. Es autor de numerosos artículos y capítulos de libros, y coeditor del libro Women and Psychedelics: Uncovering Invisible Voices (Synergetic Press/Chacruna Institute, en prensa). Glauber es también un practicante de ayahuasca con 15 años de experiencia. Ha construido esta práctica en diálogo con su comunidad local de ayahuasca brasileña y con la bendición de ancianos y activistas indígenas de Brasil. También es el líder de Jornadas de Kura, un centro de medicina vegetal en Brasil. Es padre de 3 hijos y vive con su esposa Jacqueline Rodrigues en Santa Luzia, Minas Gerais, Brasil.

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Clancy Cavnar es doctora en psicología clínica (Psy.D.) por la Universidad John F. Kennedy de Pleasant Hill, California. Actualmente trabaja en la práctica privada en San Francisco, y es cofundadora y miembro de la Junta Directiva del Instituto Chacruna de Plantas Psicodélicas Medicinales. También es investigadora asociada del Grupo Interdisciplinario de Estudios Psicoactivos (NEIP). Combina un ecléctico abanico de intereses y actividades como psicóloga clínica, artista e investigadora. Tiene un máster en Bellas Artes en pintura por el Instituto de Arte de San Francisco, un máster en asesoramiento por la Universidad Estatal de San Francisco y completó el programa de Certificado en Terapia Asistida por Psicodélicos del Instituto de Estudios Integrales de California (CIIS). Es autora y coautora de artículos en varias revistas especializadas y coeditora, con Beatriz Caiuby Labate, de once libros. Para más información, véase: http://www.drclancycavnar.com.
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Clancy Cavnar tem doutorado em psicologia clínica (Psy.D.) pela John F. Kennedy University em Pleasant Hill, Califórnia. Atualmente, trabalha em consultório particular em São Francisco e é cofundadora e membro da diretoria do Chacruna Institute for Psychedelic Plant Medicines. Ela também é pesquisadora associada do Grupo Interdisciplinar de Estudos Psicoativos (NEIP). Ela combina uma gama eclética de interesses e atividades como psicóloga clínica, artista e pesquisadora. Tem mestrado em pintura pelo San Francisco Art Institute, mestrado em aconselhamento pela San Francisco State University e concluiu o programa Certificate in Psychedelic Assisted Therapy no California Institute of Integral Studies (CIIS). Ela é autora e coautora de artigos em várias revistas e coeditora, com Beatriz Caiuby Labate, de onze livros. Para obter mais informações, acesse: http://www.drclancycavnar.com.

É inegável que estamos vivendo uma renascença psicodélica marcada por um interesse crescente no uso de plantas psicoativas, não apenas em contextos indígenas, religiosos ou neoxamânicos, mas também em relação aos seus usos terapêuticos (Labate e Cavnar, 2021a). Este renascimento está associado, entre outros fatores, à diáspora mundial da ayahuasca (Labate e Jungaberle, 2011; Labate et al., 2017; Labate e Cavnar, 2018), à expansão global das religiões ayahuasqueiras, e à inserção de grupos indígenas nos circuitos urbanos da ayahuasca na América do Sul e além. No entanto, vemos, ao mesmo tempo, um retrocesso crescente.

Sinais desse retrocesso podem ser vistos nas repercussões do caso de um YouTuber que se infiltrou em um grupo do Santo Daime na Espanha durante nove meses. Durante este período, ele usou uma câmera escondida para filmar cerimônias privadas sem autorização. Este YouTuber editou estas gravações e publicou um vídeo de teor fortemente sensacionalista e claramente autopromocional que conseguiu quase 600.000 visualizações. Ele também apresentou uma queixa por tentativa de sequestro após ser descoberto por um dos membros do grupo. Desde então, ele foi convidado para vários programas de TV, em que acusou o Santo Daime de ser uma seita perigosa que faz lavagem cerebral nas pessoas e fornece uma série de drogas ilícitas sem nenhuma precaução de saúde ou segurança. Além da repercussão do caso, a percepção pública da ayahuasca piorou progressivamente após ações policiais que culminaram na prisão de membros de dois grupos neoxamânicos.

Estas circunstâncias reacenderam o debate sobre o uso da bebida no país, liderado pela cobertura sensacionalista da mídia, que frequentemente ignora os dados científicos prontamente disponíveis. As alegações são as mesmas: os grupos ayahuasqueiros seriam seitas que usam drogas perigosas para manipular seus adeptos (ou “alvos”), comumente descritos como pessoas frágeis e ingênuas, para obter ganhos financeiros. O surgimento da ayahuasca como uma questão de saúde e segurança publicas, entretanto, não se limita ao caso da Espanha. Em março de 2022, o Ministério da Saúde italiano emitiu um decreto proibindo a ayahuasca e suas plantas componentes, bem como seus princípios ativos (Berazaluce, 2022a, 2022b, 2022c). A decisão do governo italiano pegou os membros do Santo Daime no país de surpresa, obrigando-os a realizar suas cerimônias bebendo água ao invés de ayahuasca como forma de protesto, como fez a União do Vegetal nos Estados Unidos durante seu processo judicial.

Arte de Karina Alvarez.

A Itália seguiu uma abordagem semelhante ao caso da França. Em 2005 – apenas três meses após a absolvição de um grupo de Santo Daime de Paris que era acusado de consumir e traficar substâncias ilícitas – o governo francês, através do Ministério da Saúde, proibiu a ayahuasca e as plantas utilizadas em sua fabricação. Em 2019, o líder do mesmo grupo absolvido em 2005 foi preso novamente. Ele foi libertado sob fiança após ser detido por quatro dias. Atualmente, ele aguarda seu julgamento e pode ser condenado a vários anos de prisão. No caso francês, a proibição da ayahuasca contou com a contribuição da Comissão Interministerial de Acompanhamento e Combate a Desvios Sectários (MIVILUDES), cujo representante fez uma apresentação sobre a ayahuasca durante a reunião da Comissão de Narcóticos que estabeleceu a proibição da ayahuasca na França (Bourgone, 2012; Novaes e Moro, no prelo). Esta parceria única mostra que a ayahuasca é percebida e retratada pelas autoridades francesas não apenas como um risco à saúde, mas como um perigoso movimento social com tendências sectárias. Eles suspeitam não apenas da ayahuasca, mas das práticas dos próprios grupos ayahuasqueiros, sem apresentar nenhuma prova substancial para apoiar suas alegações. Não podemos deixar de mencionar a proibição da ayahuasca pela corte holandesa em 2018, após quase duas décadas da decisão que permitiu o uso religioso da ayahuasca por uma igreja do Santo Daime no país (ICEERS, 2018).

Em meio a este cenário de prisões, julgamentos, reportagens sensacionalistas e de disseminação de medo, desconfiança e desinformação, é necessário abordar o assunto de forma judiciosa, deixando de lado preconcepções e preconceitos. É crucial em um momento como este analisar o conhecimento acumulado sobre o tema do uso religioso da ayahuasca (Labate et al., 2008), bem como compreender os casos em que a regulamentação da bebida ocorreu com sucesso, criando modelos de políticas públicas que podem ser estudados e adotados em outros contextos socioculturais.

Apesar do crescente interesse pela ayahuasca nas últimas décadas, seu uso ritual é centenário. Os primeiros registros históricos da ayahuasca na região amazônica datam do final do século XVII (Antunes, 2011). Historicamente, o uso ameríndio da ayahuasca, presente no Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Equador, possui diversas configurações. Os relatos descrevem que a bebida era usada para facilitar a comunicação com os reinos espirituais e para explorar as relações com a fauna e a flora. Os pagés frequentemente a bebiam para diagnosticar e curar doenças. Também era usada para fins divinatórios. No entando, a ayahuasca era vital não apenas nas práticas xamânicas, mas ocupava uma parte significativa da vida sociocultural de várias etnias indígenas da Amazônia (Luna, 1986).

O uso da ayahuasca não somente foi historicamente importante para as populações indígenas da floresta amazônica, ele ainda tem um papel central nos processos identitários e territoriais, e no desenvolvimento de movimentos sociais organizados para preservar a floresta e suas tradições.

O uso da ayahuasca não somente foi historicamente importante para as populações indígenas da floresta amazônica, ele ainda tem um papel central nos processos identitários e territoriais, e no desenvolvimento de movimentos sociais organizados para preservar a floresta e suas tradições. Isto aconteceu não apenas na Colômbia, com a criação de uma associação indígena focalizada no uso da ayahuasca, mas também no Brasil, onde vários grupos étnicos indígenas estabeleceram uma aliança política para fortalecer suas pautas em relação ao uso indígena da ayahuasca. Desde 2017, esses povos organizaram várias conferências indígenas sobre o tema (Os representantes dos Povos Indígenas do Vale do Juruá, 2017, 2018, 2019, 2022).

            Em países como Colômbia e Peru, além do uso indígena da ayahuasca, existe também uma forma de medicina popular (folk medicine)baseada no uso plantas psicoativas, cânticos e dietas. Estes curandeiros são chamados vegetalistas (Dobkin de Rios, 1972; Luna, 1986). Sua presença é comum principalmente entre populações rurais e suas práticas partem de elementos do conhecimento indígena sobre plantas, absorvendo algumas influências do esoterismo e dos ambientes urbanos. Particularmente, no Brasil, houve também desenvolvimento singular de grupos religiosos centrados em populações não indígenas que consumiam ayahuasca, conhecidos como Santo Daime, Barquinha e União do Vegetal. Esses grupos religiosos, fundados entre as décadas de 1930 e 1960, reinterpretaram as tradições locais com forte influência do cristianismo, incorporando elementos do xamanismo amazônico, do catolicismo popular, das tradições afro-brasileiras e do espiritismo kardecista, entre outras tradições (Labate, 2004). Estes grupos se expandiram durante todo o início dos anos 80 para algumas das principais cidades do Brasil. No início dos anos 90, estes mesmos grupos se expandiram para a Europa e América do Norte, principalmente devido à influência de estrangeiros que descobriram ayahuasca no Brasil e quiseram estabelecer núcleos em seus países de origem.

Além das religiões ayahuasqueiras, a antropologia tem observado nas últimas décadas o surgimento de novas modalidades de consumo da ayahuasca nos centros urbanos (Labate, 2004). Entre as novas práticas, há o uso da ayahuasca em sessões de meditação, no tratamento de dependentes químicos, em sessões de psicoterapia, para inspiração artística e em terapias de grupo. Também é possível apontar o encontro da ayahuasca com as religiões afro-brasileiras e o neoxamanismo. Nesse sentido, a reinvenção do uso da ayahuasca e o surgimento de grupos de neoayahuasqueiros é parte do processo social e cultural que se desenvolveu durante a expansão dos usos tradicionais da ayahuasca. Estas práticas ganharam força, sobretudo, nas grandes cidades da América do Sul, onde as tradições amazônicas encontraram práticas urbanas locais em um processo que levou a alianças, trocas e novas formas de uso.

 Embora o uso da ayahuasca por não indígenas seja um fenômeno relativamente novo, seu desenvolvimento está associado ao surgimento de um certo tipo de religiosidade característica dos centros urbanos, criando novas redes, tais como as redes neo-esotéricas e terapêuticas, que ganharam autonomia própria dentro do universo da Nova Era. Por outro lado, muitos desses grupos apresentam uma filiação ou algum tipo de conexão com as religiões ayahuasqueiras, ou com populações indígenas, formando um elo entre as redes urbanas e os usos por parte de populações tradicionais da Amazônia.

No Brasil, o Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN) apresentou um relatório que não encontrou evidências de que o uso religioso da ayahuasca representasse riscos à saúde ou danos sociais (CONFEN, 1987). Nas décadas seguintes, as políticas públicas sobre a ayahuasca avançaram progressivamente para o reconhecimento do uso religioso da ayahuasca como um fenômeno religioso e cultural protegido pela Constituição Brasileira (Antunes, 2019; MacRae, 2008). Em uma decisão histórica envolvendo estudiosos, cientistas, juristas, autoridades públicas e representantes das religiões ayahuasqueiras, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) reconheceu a liberdade religiosa do uso da ayahuasca no Brasil (CONAD, 2006, 2010). Nos anos 2000, o início de um processo de reconhecimento do uso religioso da ayahuasca como patrimônio imaterial da cultura brasileira, estabelecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), marcou uma importante mudança. A ayahuasca deixou de ser objeto de políticas de drogas, inserindo-se nas políticas afirmativas, fato que atestou o reconhecimento do valor histórico e cultural do uso religioso da ayahuasca pelo governo brasileiro (Labate, 2010; Labate e Assis, 2019, Antunes, 2019). 

Devemos também destacar o caso do Peru, que reconheceu o uso da ayahuasca como patrimônio cultural nacional. A salvaguarda do patrimônio no caso peruano visa proteger os usos tradicionais e indígenas da ayahuasca no país. Na Colômbia, embora não haja regulamentação formal, várias tentativas de autorregulação foram feitas pelos povos indígenas, bem como decisões administrativas legitimando o uso do yagé (ayahuasca). A medicina tradicional indígena e o uso indígena do yagé tornaram-se parte das diretrizes da política de patrimônio cultural do país em 2009 (Labate e Assis, 2018). Houve também a criação da União de Médicos Indígenas do Yagé da Amazônia Colombiana (UMIYAC). A União desenvolveu o Código de Ética para a Prática da Medicina Indígena na Amazônia Colombiana (UMIYAC, 2000), estabelecendo uma série de diretrizes para evitar a mercantilização do yagé (Caicedo-Fernández, no prelo). Anos mais tarde, a UMIYAC publicou a Declaração das Autoridades Espirituais, Representantes e Organizações Indígenas da Região Amazônica (UMIYAC, 2019). Essas medidas de autorregulação não foram casos isolados. Pelo contrário, foram precedidas pela Carta de Princípios das Entidades Religiosas Usuárias da Ayahuasca, produzida pelas religiões ayahuasqueiras brasileiras em diálogo com as autoridades brasileiras no início dos anos 1991 (NEIP, 2015). Na Espanha, o primeiro grupo de ativistas criado em torno da defesa do uso da ayahuasca produziu uma iniciativa semelhante (Plantaforma para la Defensa de la Ayahuasca, 2009). Estes casos demonstram não apenas o valor cultural e histórico do uso da ayahuasca, mas também demonstram que ela tem um papel central para vários grupos indígenas e religiosos, não apenas social e culturalmente, mas também como uma forma contemporânea de expressão política.

Além das importantes contribuições dos grupos indígenas e das religiões ayahuasqueiras para fazer avançar a agenda política para a regulamentação da ayahuasca, ONGs, institutos de pesquisa e vários estudiosos também promoveram o uso responsável da ayahuasca e exigiram seu reconhecimento legal.

Além das importantes contribuições dos grupos indígenas e das religiões ayahuasqueiras para fazer avançar a agenda política para a regulamentação da ayahuasca, ONGs, institutos de pesquisa e vários estudiosos também promoveram o uso responsável da ayahuasca e exigiram seu reconhecimento legal. A esse respeito, deve-se destacar a Declaração sobre a Ayahuasca (Anderson et al., 2012), o Manual de Recomendações para o uso da Ayahuasca (Gabriell, 2021), o Guia de Boas Práticas da Ayahuasca (ICEERS, 2014), e o Relatório Técnico da Ayahuasca 2021 (ICEERS, 2021). O Instituto Chacruna também desempenhou um papel importante, não somente através do desenvolvimento do Conselho para a Proteção de Plantas Sagradas, mas também pela publicação de importantes diretrizes para grupos ayahuasqueiros, tais como 7 Boas Práticas para Redução de Danos Legais da Ayahuasca, e o Guia do RFRA e Boas Práticas para Igrejas de Plantas Psicodélicas. Essas iniciativas são parte de um esforço coletivo para difundir a conscientização sobre o uso responsável da ayahuasca e para criar possíveis canais de diálogo entre governos, a academia e os grupos ayahuasqueiros.

Além destes exemplos inovadores, existem outros casos importantes relativos à regulamentação do uso religioso da ayahuasca fora da América do Sul. Nos Estados Unidos, a União do Vegetal e uma filial do Santo Daime ganharam o direito de usar a ayahuasca em um contexto religioso. A Suprema Corte estabeleceu uma decisão em 2006 atestando que o governo federal não encontrou nenhuma evidência de que o uso religioso da ayahuasca representava riscos à saúde ou segurança para seus usuários ou para o país. A Suprema Corte, portanto, concedeu à União do Vegetal o direito de importar e consumir a ayahuasca no país. Dois anos depois, um grupo do Santo Daime no estado do Oregon teve uma vitória semelhante. Até o momento, não surgiram questões legais no país em relação à União do Vegetal nem ao grupo daimista. Algum tempo depois, a Agência de Combate às Drogas americana (DEA) estabeleceu a possibilidade de grupos solicitarem uma isenção legal para o uso religioso da ayahuasca no país. O Canadá também concedeu cinco isenções semelhantes que permitem aos grupos praticar sua religião sem restrições legais (Rochester, 2017).  As duas primeiras isenções foram concedidas em 2017 pela Agência de Saúde do Canadá (Health Canada) ao Santo Daime e à União do Vegetal. Até agora, a maioria das isenções foi concedida às religiões ayahuasqueiras brasileiras. Ironicamente, os mesmos grupos que agora são tratados como seitas perigosas em alguns países europeus.

Esses casos destacam que a ayahuasca pode ser regulada com sucesso, não apenas em países onde seu uso faz parte das práticas religiosas e culturais das populações tradicionais, mas também em contextos sociais, culturais e econômicos muito diferentes. Os casos na América do Sul, e as isenções concedidas nos Estados Unidos e Canadá, são prova de que é possível fazer concessões e que há maneiras possíveis de regular o uso da ayahuasca, não apenas protegendo os direitos das religiões ayahuasqueiras e populações tradicionais, mas também criando códigos de ética e diretrizes para seu uso responsável. Não devemos deixar de notar que o Conselho Internacional de Controle de Narcóticos (INCB) das Nações Unidas declarou que a ayahuasca não está sujeita ao controle internacional, uma discussão que não entraremos aqui (ver Tupper e Labate, 2012).

Também é importante ressaltar que a União do Vegetal contribuiu diretamente para a primeira pesquisa biomédica sobre o uso da ayahuasca, o Projeto Hoasca, em 1993. O projeto comparou a saúde física e psicológica de vários membros da União do Vegetal com dez anos ou mais de uso da ayahuasca e um grupo de controle que nunca havia tomado ayahuasca. Após vários testes, os pesquisadores concluíram que não havia evidências de que o uso da ayahuasca em um contexto religioso representasse qualquer risco à saúde. Este projeto pioneiro serviu de inspiração para uma série de projetos de pesquisa com foco em seu potencial terapêutico (Labate e Cavnar, 2014, 2021b). Algumas pesquisas recentes mostraram, inclusive, que a ayahuasca poderia ser útil para tratar certos transtornos resistentes ao tratamento, tais como depressão, dependência química, estresse pós-traumático e ansiedade (Dos Santos, 2013; Palhano-Fontes, 2019).

Esses exemplos de processos de regulamentação bem sucedidos, os dados científicos sobre sua segurança e potenciais terapêuticos, e os achados da literatura acadêmica sobre o uso da ayahuasca apontam para o fato de que, se realizado em um ambiente controlado com a orientação de pessoas experientes, é uma prática benigna que não representa riscos à saúde e segurança públicas. À luz dos eventos recentes e da estigmatização contínua da ayahuasca, esperamos que este artigo possa servir como um chamado para os grupos ayahuasqueiros, a academia, agências internacionais e governos para o diálogo e para a mudança.

Não podemos simplesmente aceitar o fato de que ayahuasqueiros estejam sendo tratados como criminosos, tendo suas casas e locais de trabalho violentamente invadidos pela polícia com metralhadoras. O reconhecimento e a acomodação das minorias precisam fazer parte da agenda política contemporânea.

 Não podemos simplesmente aceitar o fato de que ayahuasqueiros estejam sendo tratados como criminosos, tendo suas casas e locais de trabalho violentamente invadidos pela polícia com metralhadoras. O reconhecimento e a acomodação das minorias precisam fazer parte da agenda política contemporânea. Enquanto ações policiais estão sendo feitas, há demandas por parte desses grupos para um debate com as autoridades públicas para estabelecer diretrizes para a regulamentação do uso da ayahuasca as quais não estão sendo atendidas. A ayahuasca não é uma ameaça à saúde pública e as religiões ayahuasqueiras não são organizações criminosas. Tratar atos de fé legítimos de minorias do Sul Global como tráfico internacional de drogas é uma violação dos direitos humanos, revelando uma completa falta de sensibilidade antropológica e um grave preconceito eurocêntrico contra outras culturas.

 O preconceito proibicionista ligado ao estigma associado aos grupos ayahuasqueiros como seitas perigosas presentes na mídia e proclamadas pelas autoridades públicas servem apenas para obscurecer e exotizar minorias religiosas e as populações tradicionais. Vale lembrar que o termo “seita” não é mais utilizado na literatura acadêmica ou por estudiosos da religião (Introvigne, no prelo). Abandonado pelos estudiosos, se tornou um termo acusatório e depreciativo que frequentemente serve como ferramenta para espalhar medo e preconceitos, o qual é usado para restringir o direito à liberdade religiosa. Não é surpresa, portanto, que esta mesma categoria esteja sendo veiculada para classificar grupos ayahuasqueiros e para justificar a repressão ao uso da bebida. Não podemos condescender com isso. Estamos aqui para afirmar a legitimidade de práticas culturais e religiosas há muito reconhecidas e para defender os direitos das populações tradicionais, das instituições religiosas e das minorias sociais. A regulamentação da ayahuasca e o reconhecimento dos grupos ayahuasqueiros não são apenas conquistas desejáveis, mas necessárias.

Arte de Mariom Luna

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Se você gostaria de assinar esse documento conosco, por favor preencha ESTE FORMULÁRIO.

We stand in solidarity and urge authorities to respect the religious freedom of ayahuasca drinkers.

  1. Sean T. McAllister, JD, Council for the Protection of Sacred Plants, Chacruna Institute
  2. Lorien Chavez, Social Strategy and Communications Officer, Chacruna Institute
  3. Alejandra Barajas, Program Coordinator, Chacruna Institute
  4. Fernando R. Beserra, PhD, Coordinator, Associação Psicodélica do Brasil (APB)
  5. Jon Dennis, JD, Council for the Protection of Sacred Plants, Chacruna Institute
  6. Joseph McCowan, PsyD, Racial Equity and Access Committee
  7. Arti Chhabria, MSS, MLSP, MAPS Public Benefit Corporation
  8. Thiago Rodrigues, PhD, Fluminense Federal University
  9. Manuel Villaescusa, MSc, Plantaforma para la defensa de la Ayahuasca
  10. Robert Heffernan, Council for the Protection of Sacred Plants, Chacruna Institute
  11. Caroline Dorsen, PhD, RN, Rutgers University School of Nursing
  12. Melissa Lavasani, MS, MPP, Psychedelic Medicine Coalition
  13. Joseph Mays, MSc, Indigenous Reciprocity Initiative Program Director, Chacruna Institute
  14. David Bronner, CEO, Dr. Bronner’s
  15. Daniela Peluso, PhD, University of Kent
  16. Nicholas Spiers, MSc, Research Coordinator, Chacruna Institute
  17. Edward MacRae, PhD, Associate Professor, Federal University of Bahia (Brazil)
  18. Anja Loizaga-Velder, PhD, Director of Research, Nierika Institute for intercultural Medicine
  19. Kelan Thomas, PharmD, Chacruna Chronicles
  20. Marca Cassity, BSN, RN, LMFT, Native American Trauma Therapist, Psychedelic Researcher
  21. Ana Gretel Echazu B., PhD, Associate Professor, Federal University of Rio Grande do Norte (Brazil)
  22. José Sanchez Marquez, BSc, Plantaforma para la defensa de la Ayahuasca
  23. Henrique Soares Carneiro, PhD, University of São Paulo
  24. Hena Malik, Social Media Coordinator, Chacruna Institute
  25. Mauricio Fiore, PhD, Centro Brasileiro de Análise a Planejamento
  26. José Arturo Costa Escobar, PhD, Escola Livre de Redução de Danos
  27. Douglas Finkelstein, MBA, CEO, Empathic.Health
  28. Sandra Lucia Goulart, PhD, Nucleus for Interdisciplinary Studies on Psychoactive Drugs (NEIP)
  29. Luciana Zaffalon, PhD, Plataforma JUSTA
  30. Danielle Negrin, Executive Director, San Francisco Psychedelic Society
  31. Brian Anderson, MD, MSc, UCSF School of Medicine; Council for the Protection of Sacred Plants, Chacruna Institute
  32. Jesse Gould, Founder, Heroic Hearts
  33. Paulo José dos Reis Pereira, PhD, Pontifical Catholic University of São Paulo
  34. Leonardo R. PEREZ, PhD, Maloca Internationale, NGO with U.N. consultative status
  35. Joe Tafur, MD, Church of the Eagle and the Condor, Modern Spirit, Inc.
  36. Lucas O. Maia, PhD, Interdisciplinary Cooperation for Ayahuasca Research and Outreach (ICARO), University of Campinas
  37. Massimo Introvigne, PhD, CESNUR
  38. Gayle Highpine, MA, Independent Researcher and Author
  39. Wen Feng, MD, Stanford University, Veterans Affairs Palo Alto Healthcare System
  40. Claudio Kutzwor, Plantaforma para. Defensa de la Ayahuasca
  41. Jessica Nielson, PhD, University of Minnesota, Department of Psychiatry & Behavioral Sciences
  42. José Eliézer Mikosz, PhD, Unespar – Universidade Estadual do Paraná
  43. Igor Fernandes Antunes, MA, University of São Paulo
  44. Gillian Scott-Ward, PhD
  45. Helle Kaasik, PhD, Ayahuasca Researcher
  46. Richard Grossman, LAc, PhD, Sacred Plant Alliance
  47. David F. Rodríguez-Mora, MSc, University of Texas at San Antonio
  48. Marc G Blainey, PhD, Psychotherapist / Chaplain, Homewood Health Centre
  49. Ana Elda Maqueda, PhD, Independent Researcher and Author
  50. Walter Moure, PhD, Medical Anthropology, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; CrossCultural Philosophy, FFyL, Universidad de Buenos Aires
  51. Pilar Hernandez-Wolfe, PhD
  52. Corine de Boer, MD, PhD, Consultant Chief Medical Advisor MAPS PBC
  53. Wendy Chapkis, PhD, University of Southern Maine
  54. Stanley Krippner, PhD, California Institute of Integral Studies
  55. Frederico Policarpo, PhD, Universidade Federal Fluminense
  56. Bruno Ramos Gomes, PhD, Chacruna’s Ayahuasca Community Committee
  57. Dráulio Barros de Araújo, PhD, Brain Institute, UFRN, Brazil
  58. Nige Netzband, DPsych(c), MSc, Onaya Science
  59. Claudia Schwarz-Plaschg, PhD, University of Edinburgh
  60. Simon Ruffell, MD, PhD, Onaya Science
  61. Leor Roseman, MD, PhD, Centre for Psychedelic Research, Imperial College London
  62. Amy Jones, EdM, LCSW, Psychotherapist
  63. Sebastian Torterola, MD, Independent Researcher, Translator & Journalist
  64. Carlos Miguel Gómez, PhD, Universidad del Rosario
  65. Olivia Marcus, PhD, MPH, New York University
  66. Nicole L Galvão-Coelho, PhD, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Brazil
  67. Carlos Suárez Álvarez, MA, Independant Researcher and Author
  68. Iñaki Berazaluce Pintado, BA, Researcher and Journalist (Plantaforma)
  69. Julie Holland, MD, Psychiatrist and Author
  70. Rick Doblin, PhD, Executive Director of MAPS
  71. Santiago López-Pavillard, PhD, President of Eleusis Association
  72. Victor Alfonso Cabral, LSW, Licensed Social Worker, Psychedelic Therapist, and Poiicy/Advocacy
  73. Ben Sessa, MBBS, BSc, MRCPsych, Psychiatrist and Author
  74. Jenny Neal, Marketing at MAPS
  75. Lígia Duque Platero, PhD, Education Program Associate
  76. Liana Gillooly, Strategy Officer at Multidisciplinary Association for Psychedelic Studies (MAPS)
  77. Zane Bader, Communications Officer at MAPS
  78. Philippe Lucas, PhD, President, SABI Mind
  79. Devon Christie, MD
  80. Martha J. Hartney, JD, Attorney, Member of Counsel for the Protection of Sacred Plants, Chacruna Institute
  81. Ismael Apud Peláez, PhD, Faculty of Psychology, Universidad de la República
  82. Kim Hewitt, PhD, SUNY Empire State College
  83. Gilbert Paul Carrasco, Professor of Law Emeritus, Willamette University College of Law
  84. Vicky Dulai, MS, MAPS Board
  85. Merlin Sheldrake, PhD, VU, Amsterdam
  86. Justin Williams, MSc, Harvard University, Department of Organismic and Evolutionary Biology
  87. Sophia Rokhlin, MSc, Author, Rainforest Foundation US
  88. Emily Sinclair, PhD (C), Chacruna Institute for Psychedelic Medicines
  89. Tom John Wolff, PhD, Dipl-Psych, Psychologist, Psychotherapist and Author
  90. Analia Castaños-Davis, MA, LMHC, Psychotherapist, Educator
  91. Laura Dev, PhD, Assistant Professor, University of Wisconsin-Platteville
  92. Ignacio Cano, Plantaforma para la Defensa de la Ayahuasca
  93. Jack Silver, JD, Law Offfice of Jack Silver
  94. Guilherme Borges, PhD, Universidade Federal de Goiás (UFG), Brazil
  95. Sylvia Thyssen, Senior Editor, Erowid Center
  96. Gabby Agin-Liebes, PhD, Postdoctoral Scholar and Licensed Clinical Psychologist
  97. Azadeh Momenghalibaf, MSc, Chacruna Institute for Psychedelic Medicines
  98. Kathleen Harrison, MA, Botanical Dimensions
  99. Sara Gael Giron, MA, LPC, MAPS
  100. Verónica Hernández, PhD, Clinical Psychologist
  101. Karina Biondi, PhD, Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), Brazil
  102. Rae St. Arnault, BA, ND, Psychedelic Development Corp.
  103. Adele Lafrance, PhD, Emotion Science
  104. Shirelle Noble, Beckley Academy
  105. Allison Hoots, JD, Council for the Protection of Sacred Plants, Chacruna Institute
  106. Mareesa Stertz, Lucid News
  107. Clara Novaes, PhD, Psychologist
  108. Elena Argento, PhD, MPH, University of British Columbia
  109. Genesee Herzberg, PsyD, Sage Integrative Health
  110. Janis Phelps, PhD, Founder, CIIS Center for Psychedelic Therapies and Research

Além das assinaturas do documento original, acima, as seguintes pessoas também endossaram essa carta de apoio:

  1. Ben Meeus, MA, Yorenka Tasorentsi Institute
  2. Jamal Cameron, MA, Access to Doorways
  3. Óscar Álvarez Bobo, MD, Parc Sanitari Sant Joan de Deu
  4. Igor Domsac, PhD, Communications, ICEERS
  5. Monica Silva Gonzalez, PhD, International Development Cooperation
  6. Genís, MSc, ICEERS
  7. Maja Kohek, PhD, Medical Anthropology Research Centre (MARC), University of Rovira i Virgili
  8. Jerónimo Mazarrasas, BSc, ICEERS
  9. José Carlos Bouso Saiz, PhD, ICEERS
  10. Òscar Parés, MA, ICEERS Foundation
  11. Kiko Castellanos, Comms & IT Production Manager at ICEERS
  12. Constanza Sánchez Avilés, PhD, ICEERS
  13. Ricard Faura, PhD, ICEERS & Open University of Catalonia
  14. Sergio Pérez Rosal, MD, OVID
  15. Benjamin De Loenen, MA, ICEERS
  16. Sara Lewis, PhD, Naropa University
  17. Ginger Coy, BA, Threshold Foundation
  18. Jessica M. Jones, LCSW, Pa’lante Psychotherapy, LLC
  19. Nick Domitrovic, MSc, The University of Toledo College of Medicine and Life Sciences
  20. Stephen Eric Sienknecht, PsyD, Polaris Insight Center
  21. Nick Lu, MD
  22. Mark Achba, BFA, International Psychedelics Awareness Foundation (Director)
  23. Ricky Jinks
  24. Don St John, PhD, UDV
  25. Jamie Lantz, MA, Body Intelligence
  26. Maya Hill, self-employed
  27. Bonnie Cardell, MA, LMFT, Self-Employed
  28. Osiris Sinuhe Gonzalez Romero, PhD, University of Saskatchewan
  29. Lorene Stanwick, BA, BEd, MEd
  30. Paula Berry, MSW
  31. Rick Garcia, BA, American University
  32. Katie Holz, MA, Antioch University
  33. G Lenkut, MSc, Bentley University
  34. G. William Barnard, PhD, Southern Methodist University
  35. Gregory Wells, PhD
  36. Jason Polen, JD, Lewis & Clark College
  37. Cristina Pacilio, BSc
  38. Rachael Andrews, BA, University of California, Irvine
  39. Yvonne Read, BSc, Naropa University
  40. Maya Armstrong, MD, New Mexico Department of Health
  41. Natalia López, BA, Stibrawpa
  42. Pamela Banting, PhD, University of Calgary
  43. Maudisa Meroe, MSW, LCSW, Meroe Counseling & Wellness, LLC
  44. Timothy Pickett, BSc, UC Davis
  45. Peter Brandt, BA, California Institute of Integral Studies
  46. LissaIvy Tiegel, MA, CIIS
  47. Anja Cehnar, MA, Faculty of Arts, University of Ljubljana, Slovenia
  48. Stuart Hurst
  49. Michael Metzler, PhD, MD, Pioneer Memorial Hospital
  50. Willow Bowler, MA, MAPS
  51. Sherry Rais, BA, MSc, Enthea
  52. Tatjana Hardy, MA, Société psychédélique française
  53. Sergey Vardanyan, MA, EntheoBliss Foundation
  54. Duprat
  55. Björn Goldstein, PhD, Bielefeld University
  56. Linda Graham, PhD, Clinical Psychologist
  57. Susanna Gutmann
  58. Rob Zwinkels
  59. Tonya Bathe, MSc, NHS
  60. Aleksander Wronam, BDC
  61. Anne Katrin Schlag, PhD, Drug Science
  62. Andrea Olivari, MD, Accounting Manager ICEERS
  63. Andrea Pennington, MD, Conscious Evolution
  64. James Johnson, MA
  65. René Tastet
  66. Frederico Romanoff, MA, UFSC
  67. Mike Logghe, BSc, MAPS
  68. Leigh Ann Roberts, JD, End of Life Doula & Integration Coach, Thresholding, LLC
  69. Keli & Sizer Yerger, MA, AAMFT
  70. Allison Lockshier, BA, RN, AEP
  71. Matthew Brockmeier, JD, Psilodyne
  72. Jason LeValley, MA, University of Redlands
  73. John Walker
  74. Ethan Nadelmann, PhD, JD, Psychoactive Podcast
  75. Shawn Rubin, PsyD, California Institute of Integral Studies
  76. Jessica DeWitt, PhD, Network in Canadian History and Environment
  77. Luís Fernando Tófoli, PhD, MD, Interdisciplinary Cooperation for Ayahuasca Research and Outreach (ICARO) – University of Campinas, Brazil
  78. Christina Muncy, Seeking Santosha
  79. Deborah Parrish Snyder, Synergetic Press
  80. Itacir Jose Rockenbach, BA, Santo Daime Iceflu Brasil
  81. Cat Chaney, MSc
  82. Sylvia Pinto, MA, NASW-California
  83. Sitaramaya Sita, PlantTeachers
  84. Alberto Ribas-Casasayas, PhD, Associate Professor of Spanish and Latin American Studies, Santa Clara University
  85. Joanndith
  86. Niklas Rieke, SSDP
  87. Alejandro, MA
  88. Sidarta Ribeiro, PhD, Brain Institute of the Federal University of Rio Grande do Norte
  89. Fernanda Palhano-Fontes, PhD, Brain Institute, UFRN
  90. Jonathan Glazer, BA
  91. Adriana Gonçalves Veras e Silva, BA, ICEFLU
  92. Helen Loshny, MA, Founder, Psychedelic Development Corp.
  93. Anya Oleksiuk, MA, Co-director of the Psychedelic Society, UK
  94. Sam Rames, Kentucky Certified Adult Peer Support Specialist
  95. Claude Bauchet, Santo Daime France
  96. Lorien Nemec, BA, Global Psychedelic Society
  97. Mauricio Genet Guzmán Chávez, PhD, El Colegio de San Luis México
  98. Paulina Valamiel Lopes, PhD, Universidade Federal de Minas Gerais
  99. Julio Santiago, MSc, Federal University of Minas Gerais State
  100. Walquiria Barros Valamiel Lopes, Psicopedagoga, Sim
  101. Antonio, MA, Universidade Federal de Viçosa
  102. Karina Sergi, LMFT, MA, Treatment and Research in Psychedelics
  103. Sabrina Eisenberg, MSc, USF
  104. Resat, SMC
  105. Miguel Pichardo, BA, CEFLURGM
  106. Caitlyn Davis, MA, Antioch University Los Angeles
  107. Daniel Torockio, MA, California Institute of Integral Studies
  108. Dawid, BA, McKenna Academy
  109. Margaret Ross, PsyD, St. Vincents Hospital Melbourne
  110. Oleksandra Mishkur, MA, Kyiv National Economy University
  111. Lucas Nunes Faria, MSc, DTU
  112. Kieve Pinto, BSc, UCL
  113. Sunil Aggarwal, PhD, MD, AIMS Institute
  114. Cristina Sánchez, PsyD, ICEERS
  115. Justin, MA, MAPS Canada
  116. Chafik Kahla, BA
  117. Paige Mallory, PharmD, MAH
  118. Akmal Aiman bin Alias, BA, Intel
  119. Simone Weit, MSc, Synthesis Institute
  120. Breanna Starr, BA
  121. Mickey Starr
  122. Maria Eduarda Braga Machado, MSc, Faculdade Maurício de Nassau
  123. Ruanda Marli Felisberto Flor, Cursando Ensino Médio, Dellasul
  124. Flavia, MSc, Espaço olhos da alma
  125. Louise Diad, PUC – BR
  126. Yu Stavale, MSc, Divina Estrela
  127. Thiago Santos Moreira, Licenciatura de História, Secretaria Municipal da Educação de São Paulo
  128. Anya Ermakova, PhD, Chacruna Institute
  129. Tatiane Cristina Gil Bassi, Instituto Atmater
  130. Ricardo Marcondes, Artist, Aliança São Paulo
  131. Daniela Massuia, BSc
  132. Thaisa, BSc, Mackenzie
  133. Júlia Umbelino Silva, Não Tenho
  134. Patrícia Arnosti, BA, Ceu da Lua Cheia
  135. Marcos Vinicius Oliveira Bernardino, BA, Não Tenho
  136. Renata Magalhães, BSc, Ceu de São Francisco
  137. Kamila Midori Shinzato de Queiroz, BA, USP
  138. Kamila Queiroz, BSc, Tenda de Umbanda Rosário da Mata Santa
  139. Juliana Pedrosa Cortez, MA, Peregrinos de Gaya
  140. Fabiana Libera, BA, Universidad Católica De San Pablo
  141. Jorge Lima dos Santos, CEFETMG
  142. Jamie, MD
  143. Sherry Younker, RMT
  144. Florencia Chapuis, PhD, ICEFLU
  145. Giuliana Metedieri, MA, Santo Daime
  146. Eduarda Freitas
  147. Vivian Fischer Sarmento, Ayahuascaes
  148. Edson Alexandre de Almeida Gomes, JD, Universidade Federal do Acre, Brasil
  149. Marian Andrade, Céu flores de acácia
  150. Alins, MSc, ESCS
  151. Josiane Goularte, BA
  152. João Vítor Fraga Becker
  153. Vanessa Bolfoni Schmitt, BSc, FURG
  154. Josiane Patricio Fraga Becker
  155. Maria Laura da Silva Melo, BA, Ceflucetri, Uberlândia- MG
  156. Rodrigo Semim Putini, UFPR
  157. Alexandre Oviedo Gonçalves, PhD, Universidade estadual de Campinas UNICAMP
  158. Julian Voss-Andreae, BA, MSc
  159. Cires Beijamar Herr, BA, Ceu de San Diego, CA
  160. Nuno Quaresma, MSc
  161. Lauren, BSc, AID
  162. Ana Carolina Morita Forastieri da Silva, Bacharel em Economia (Unicamp), Orgânicos Sul de Minas
  163. Patricia, BA
  164. Emanuel Balata, Círculo Xamânico Casa do Sol
  165. Rosana Carvalhal Martins, MA, UNB
  166. Urias de Oliveira, Círculo Xamânico Casa Do Sol
  167. Lucia Regina Lobato da Costa, Serviço Social, Circulo Xamã Casa do Sol
  168. Alexander Lebedev, PhD, MD, Karolinska Institutet
  169. Luccas Gonçalves, Grupo Zurah
  170. Gabrielle Moura Santos, BA, Katharsis
  171. Igor Rodrigues de Abreu, MA, UFMG
  172. Marcio José de Araujo Costa, PhD, Federal University of Maranhão – Brazil
  173. Sean Stinson, BA
  174. Sergio Mafei, BSc, PUCSP
  175. Renata Figueiredo, MSc, Casa do Sol
  176. Camila Sampaio, PhD, Universidade Federal do Maranhão
  177. Talia Gabrielle Santos Azevedo, MA
  178. Silvana, BSc, MSc, Universidade Estadual do Maranhão
  179. Raimunda Nonata Mesquita Bezerra, Circulo Xamãnico Casa do Sol e Fraternidade Colibrir
  180. Aniko Benedek, Columbia School of Social Work
  181. André Baptista, MA, FCSH
  182. Dominique Morisano, PhD, University of Toronto
  183. Tiffany Uno, MA, University of Porto
  184. Sergio Daniel CaptakAcosta, Santo Daime
  185. Justin, BSc, Appalachians For Psychedelics
  186. Cezary Wieczorek, SWPS Uniwersytet Humanistycznospołeczny Wrocław, PL
  187. Rafael Bonchristiano Reis, BSc, UNESP
  188. Montserrat Arenas Cortez, BSc, Universidad Nacional Autónoma de México
  189. Eduardo Salgado Escobar, BA, Universidad Nacional Autónoma de México
  190. Tomislav Majic, MD, Psychedelic Substances Research Group Berlin
  191. Rosemeire da Cruz, Santo Daime, Brazil
  192. Nelson Borges
  193. María, BA, RDA
  194. Mariom Luna, Chacruna Institute
  195. Virginia, Santo Daime
  196. Tamir Jordi Satorra, Institut de Música Primordial
  197. Jordi, BA, BSc, MA, Chacruna Institute
  198. Daniel Martin, MSc, Universidad Uned
  199. David Sanchez Lopez, MSc
  200. Armando Márquez
  201. Luis Ortega Puig, Santo Daime
  202. Micaela, MSc
  203. Lorien Chavez, BSc, Chacruna Institute
  204. Luis Rochel Yanez, Santo Daime
  205. Eva, BA
  206. Dana Kittrelle, BA
  207. Livia
  208. Alba Franch
  209. Bet Carreras Cots
  210. Marc Colomer, BA
  211. Aleksander Althamer, BA, Akademia muzyczna im. Grażyny i Kiejstuta Bacewiczów, Łódź, Polska
  212. Christopher Soda, BA, Drug Policy Alliance
  213. Konstantin Kuteykin-Teplyakov, PhD, NeuroCreate
  214. Jose Manuel Royo Taberner, MA, Music Therapy
  215. Jordi Piñero Subirana, MD, Santo Daime
  216. Ovidiu Brazdau, PhD, Research Director, Consciousness Quotient Institute
  217. Sameet Kumar, PhD, Memorial Healthcare System
  218. Clancey Cornell, MSW
  219. Helen Loshny, MA, Board member of Ketamine Assisted Therapy Association of Canada
  220. Jasmine Virdi, MA, MSc, The Alef Trust, Liverpool, John Moores University
  221. Julio, Engineer
  222. Marcos García Párraga, Licenciado en CCII por la UCM de Madrid
  223. Ronald W. McNutt, JD, Psychedelic Bar Association Member
  224. Pep Torné, MA, Mestre Jardiner
  225. Guichardan Rene, MA, Université Lyon II
  226. Sarah, MA
  227. Richard Grossman, BSc, MSc, PhD, OMD, Sacred Plant Alliance
  228. Anna Boix Lladó, BSc
  229. Nicolae Gabriel Serban, MA, Boehringer-Ingelheim
  230. Patricia Jimenez, Chacruna Institute
  231. Sultan
  232. Jeffrey Haney, Chacruna Institute
  233. Greg Shanken, Empathic Health
  234. Ksenia Cassidy, MA, The New School for Social Research

Referências Bibliográficas:

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Palhano-Fontes, F., Barreto, D., Onias, H., Andrade, K. C., Novaes, M. M., Pessoa, J. A., Mota-Rolim, S. A, Osório, F. L., Sanches, R., Dos Santos, R. G, Tófoli, L. F., de Oliveira Silveira, G., Yonamine, M., Riba, J., Santos, F. R., Silva-Junior, A. A., Alchieri, J. C., Galvão-Coelho, N. L., Lobão-Soares, B. … & Araújo, D. B. (2019). Rapid antidepressant effects of the psychedelic ayahuasca in treatment-resistant depression: A randomized placebo-controlled trial [Efeitos antidepressivos rápidos do efeito psicodélico da ayahuasca no tratamento de depressão crônica: um teste aleatório controlado de placebo]. Psychological Medicine, 49(4), 655–663.

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