especialmente para este blog
Quero, aqui, deixar a minha solidariedade a todas as mães do México, que, como eu e outras centenas de mães brasileiras, lutam para salvar a vida dos seus filhos e dizer que será um prazer poder contribuir, de alguma forma, com a luta de vocês para a regulamentação da cannabis medicinal. Juntas, somos mais fortes!
Sabemos o que vocês passam, porque a nossa história no Brasil é igual, só queremos salvar a vida dos nossos filhos. É injusto haver polêmica nisso!
Hoje minha filha tem 6 anos, mas, com apenas um mês de idade, ela teve a primeira crise convulsiva, foi quando iniciou para mim uns dos maiores sofrimentos da minha vida, que era dar drogas para aquele bebe tão pequenininho, tão delicado, tão lindo.
Eram drogas e mais drogas, todas lícitas, tarja preta, vermelha, amarela, todas as cores.
Teve época que Sofia tomava 5 anticonvulsivantes de uma só vez, um dos efeitos mais brandos era a perda de campo visual, sem volta, irreversível.
Eram drogas tão fortes que a médica dela dizia que, se ela mesma tomasse a metade daquela dosagem, dormiria 3 dias sem parar.
Essa mesma médica nos explicava que o uso de drogas é questão de custo-benefício, porém Sofia, além de dopada, continuava a ter o mesmo número de crises convulsivas, então minha filha só tinha o custo que, diga-se de passagem, era muito alto.
Eu e o pai da Sofia nunca caímos na zona de conforto, acho impossível que alguém em situação semelhante fique indiferente.
No final de 2013, pelas redes sociais, descobrimos que a cannabis também poderia ser remédio. Não pensamos duas vezes, parece piada, mas traficamos.
Fomos para as ruas, gritamos e conseguimos regulamentar o acesso a cannabis medicinal no Brasil, mas somente através de produtos importados! É preciso avançar mais.
Hoje, junto com o extrato de cannabis, Sofia toma apenas 1 anticonvulsivante em dose muito baixa. Ela está ótima, menos dopada, sorri mais, está presente, com menos hipotonia e quase sem crises.
Enquanto a maioria está preocupada em qual universidade seus filhos irão estudar, quantas línguas irão aprender, nós mães “especiais” só queremos que nossos filhos não tenham convulsões, que eles possam sorrir, olhar, comer. E nisso não pode haver polêmica!
Minha admiração e carinho a todas as mães do México, que lutam por seus filhos contra a hipocrisia e o preconceito.
Um forte abraço para a mãe de Grace, em especial, desejo força na sua caminhada.
Aproveito para deixar uma pergunta para as autoridades Mexicanas: “E se fosse seu filho?”